quinta-feira, 8 de maio de 2008

O Espelho

Juliano Flávio

Ó alma desfigurada,
Sabes que de ti nunca esperarei
Um afeto ou um gesto de amizade.

Há piedade?
Somente buscas o alimento dos fracos
E em seguida o retiras com suas unhas.

Porque tirastes a sede e o espírito
Porque nos deixaste a carne e a fome?

Resta ainda saber se te despedaçar
Basta para mitigar o sofrimento.

O Narciso nasce, mas nunca morre.
Está sempre por perto,
Pronto para, em um golpe,
Te desfigurar completamente.

Ó desastre de areia.
Porque de nós o pior tirastes?
Presas enjauladas que somos,
insetos em lamparina.
Não sentimos nada,
Apenas somos.

Ó alma desfigurada
Porque governas o mundo?

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