quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A Arapuca


Juliano Flávio

A arapuca e a vida enfim se encontraram
E por mais que zombes, ou chores,
Ou escrevas estes versos, não sabes com sair.

O salão de ilusões se fez
Em pouco mais de quatro paredes,
Mil rotatórias, quinhentos monumentos
Nenhum encontro, ou esquina.

Dentro de caixas particulares,
Repletas de pequenos confortos:
A internet, a TV a cabo, o filme qualquer
Talvez uma rede para nenhuma vista,
O barulho artificial, o capricho da vida
Se apresenta para todos.

O despertador toca pela manhã
O leite gelado, o jornal,
A rua que não existe.

Os vizinhos ao se encontrarem
Pela manhã deixam algo frio no ar...
Os perfumes que se entopem
Não disfarçam a noite vazia,
O cheiro de mofo e de dor,
O escuro frizante e o não falar.

O caldeirão de concreto não nos comporta
Ou não nos comportamos tão bem
Como se previa.

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